Das Caldas da Rainha aparece-nos um dos EP mais interessantes do ano passado. Claramente politizado, e de cabeça erguida, Amador lançou em 18 de Julho de 2022 “Amargo” – um EP com 7 faixas.
Tens um projeto claramente anti fascista como vives o crescimento da extrema direita no país e mais propriamente na nossa população local?
O crescimento da extrema direita populista é inevitável no sistema democrático em que vivemos. As pessoas estão cansadas dos mesmos protagonistas políticos, das suas novelas e a meu ver do nosso sistema eleitoral. A extrema direita, especialmente aquele partido que nós sabemos, vem com um discurso simples e convidativo para pessoas que dizem não se interessar por política, o marketing deles tá no ponto, a única solução para isso são os colectivos, grupos, partidos, etc de esquerda fazerem um bom trabalho de rua e militância. Só assim é que os vencemos, ou com fogo, eles são material inflamável.
Tens visíveis influencias de Death Grips. Como te sentes quando são feitas estas inevitáveis comparações?
Vou ser sincero, às vezes não curto muito quando me dizem isso. É tranquilo a malta dizer, obviamente eles são uma influência não vou negar, mas tenho muitas mais, tantas que nem as consigo enumerar e por vezes a malta, sem maldade, manda essa dica como se fosse um elogio tas a ver? Acho que no geral há malta que antes de aproveitar um trabalho procura comparações com outros trabalhos. Compreendo a necessidade de afirmar isso mas prefiro que me digam “curti do teu som” ou “não curti”.
Quem te viu ao vivo afirma que os teus concertos são extremamente intensos e viscerais. Tal advém da tua experiência na cena musical hardcore das Caldas da Raínha?
Em certa parte sim, passei muito tempo em concertos punk hardcore tanto a tocar como a assistir e também a organizar por isso é fácil associar-me a esse movimento como uma influência. Lá aprendi como é bom ser sincero na música tanto em cima do palco como no estúdio.
Sentes-te “refém do teu vencimento”?
É como digo na música: “procuro o motivo de estar refém de um vencimento que mantém a vida de fora mas seca a minha nascente”. E acredito que todos os artistas amadores que tenham que manter um trabalho paralelo para pagar as contas sintam isso. Quantas vezes estou com pica para produzir, escrever ou seja o que for mas não posso porque está na hora do bules? É aí que eu quero chegar com esse verso, é impossível não me sentir refém.
Onde, quando e como é que podemos continuar a ver o teu trabalho?
Estou a preparar um single duplo que se tudo correr como planeado penso lançar no final do verão.
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