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Qual é o teu seteoitocinco? #4 – Earth Drive

A seteoitocinco relembra os Earth Drive, uma banda vinda do Montijo à boleia de um rock progressivo, melancólico, poderoso e hipnotizante.

Earth Drive

Bem vindos e bem vindas a mais um episódio com o selo da seteoitocinco, como é habitual às Sextas-feiras, aqui na Portugarte.

Hoje a promotora do Porto quer relembrar os Earth Drive, uma banda vinda do Montijo, à boleia de um rock progressivo, melancólico, poderoso e hipnotizante.

São razões suficientes para quereres saber qual é o seu seteoitocinco. Vamos a isso!

Earth Drive

Inspirados pelo núcleo familiar de Hermano Marques e Sara Antunes e acolhidos pela Raging Planet após o lançamento da inspiradora demo Known by the Ancients, os Earth Drive editaram em 2015 o EP Planet Mantra. O primeiro Lp Stellar Drone desabrochou em 2017.

A banda regressou aos álbuns no ano de 2020, um ano manchado por este surto do desastre. Mas o desastre não prende sonhos. Helix Nebula foi publicado no mesmo mês em que a emergência descendia sobre o mundo e um ano já se passou.

Sete espaços onde sonham tocar

“Desde já muito obrigado pelo privilégio de participarmos na vossa rubrica e partilharmos um pouco de nós convosco e com quem nos segue e nos dedica a atenção que pode.

Neste momento difícil que atravessamos, só podemos mesmo sonhar em voltar a tocar ao vivo.

De facto, a pandemia afecta e esmaga brutalmente o sonho nos projectos para os quais todos nós, enquanto artistas, promotores, técnicos, salas de espectáculo e toda a gente envolvida neste meio, trabalhámos intensamente durante muito tempo e já com as dificuldades inerentes ao sector mesmo antes da pandemia.

Portanto há muita gente a passar um tempo muito complicado, quer devido às implicações financeiras que tudo isto tem, quer ao nível daquilo que nos faz mover enquanto artistas, que para além de ser sustento para muita gente, é também o “sustento” da alma de todos nós e que faz parte do equilíbrio e saúde mental de todos os que vivem e experienciam esta vida que espelha a nossa identidade.

Desculpem-nos esta longa introdução à resposta, mas sentimo-la como fundamental para contextualizar a mesma.

Por isso, neste momento só nos resta mesmo sonhar em voltar a tocar ao vivo e a partilhar a vida com os nossos amigos e pares, dos quais temos mesmo muitas saudades, tal como de todos os que nos acompanham e apoiam.

Assim que for possível o que mais queremos é voltar a ver e a estar com a nossa família, da qual fazem parte todos estes amigos que fomos fazendo ao longo da estrada, com quem partilhámos muito daquilo que somos hoje. Queremos voltar aos sítios que nos permitiram crescer e evoluir como artistas e ajudar da forma que for possível, para que esses locais continuem abertos e a permitir que o underground continue a devolver ao povo o que de mais puro existe na arte.

Portanto, no seguimento do que afirmámos, desejamos que os espaços onde já tocámos e onde ainda queremos tocar não fechem e continuem a devolver liberdade às pessoas através dos eventos que organizam.

Estes espaços, naturalmente, são mais que sete, os que representam um pouco do nosso passado, mas aqui ficam então:

  • Sabotage (Lisboa)
  • Side B (Alenquer)
  • RCA (Lisboa)
  • Woodstock 69 (Porto)
  • Barracuda (Porto)
  • Cave Avenida (Viana do Castelo)
  • DRAC (Figueira da Foz)
  • Hard Club (Porto)
  • Fora do Rebanho (Viseu)
  • Marginália (Portimão)
  • Stairway Club (Cascais)
  • Timilia das meias (Montijo)


Infelizmente o Sabotage, o Marginália e o Stairway já encerraram, mas esperamos que um dia possam voltar a reabrir e, como tal, desejamos voltar a essas casas também.

Reviver estas memórias, voltar a estes espaços assim que possível e ganhar energia para nos projectarmos num futuro ambicioso para pisarmos outros palcos e festivais, como por exemplo o Under The Doom, V.O.A., Vagos Metal Fest, Sonicblast, Amplifest, SWR Barroselas, Ressurection, Desert Fest ou Roadburn e realizar uma tour europeia, é de facto o que desejamos profundamente.”

Cinco projectos / artistas com quem gostavam de dividir palco

No seguimento da questão anterior, faz sentido para nós voltar a essas casas com os amigos que fomos fazendo na estrada e que, de certa forma, nos influenciaram e deram sentido, propósito e ajudaram-nos no nosso caminho e à nossa existência enquanto banda, e das quais temos saudades.

Por isso só queremos reencontrar essas pessoas e conseguirmos proporcionar um bom momento entre nós e com quem nos for ver.

Felizmente todas as bandas e pessoas que fomos conhecendo e com quem gostávamos de voltar a partilhar o palco e que estão no activo não cabem em 5 projectos, mas aqui ficam então: My Master the Sun, Vircator, The Black Wizards, It Was The Elf e Basalto. É impossível não mencionar Earth Electric, Process of Guilt, Sinistro, Quartet of whoa!, Wells Valley, Inhuman, Sono of Cain, Moloch e Conjunto evite!, entre muitos mais.

Tal como na questão anterior também temos o sonho e ambição de partilhar o palco com outras bandas profissionais: Tool, Deftones, Mastodon, Moonspel e os Kyuss, quando reunirem 😉

Um apontamento especial: Sasquatch (já tivemos o prazer de partilhar o palco com eles e foi a banda internacional mais simpática com que estivemos).”

Oito músicas que todos apreciam consensualmente

Digam-nos uma ideia que possa ser aplicável e capaz de contagiar as pessoas a olhar, um pouco mais, para a música nacional

“Consideramos que cada vez mais há qualidade na música nacional.

É fundamental apoiar essas bandas para que tenham cada vez mais acesso a apoios, para que possam produzir conteúdos com cada vez mais qualidade audiovisual, porque de facto não ficamos nada atrás do que se faz noutros países em termos de conteúdos artísticos. É importante chamar a atenção das pessoas para a qualidade dos músicos portugueses e dos conteúdos que produzem.

Para isso são determinantes apoios sem grandes burocracias e acessíveis à produção, edição, circulação e à consequente promoção para que a informação chegue ao público português.

Fica também a ideia do que sentimos durante a pandemia, relativamente ao excesso de informação repetida e prejudicial à saúde mental das pessoas, nomeadamente nos canais de notícias, onde era possível atribuírem tempo de antena de qualidade a artistas nacionais para promoverem os seus trabalhos e terem, também assim, acesso aos apoios que são atribuídos
dos direitos a que poderiam ter acesso, devido a essa exposição televisiva.

Muito obrigado mais uma vez pela oportunidade de partilharmos convosco um pouco de nós. E agradecer também à nossa família pelo apoio ao longo dos anos, na qual incluímos a editora Raging Planet (Daniel Makosch) pela possibilidade de editarmos os nossos trabalhos e de continuarmos neste caminho ao vosso encontro.

Um grande abraço para todos e muita saúde!”

Playlist

Este é o testemunho de retorno da aparição cristalina das suas palavras.

Bem vindos e bem vindas ao universo que sonoriza a natureza dos Earth Drive.

Earth Drive – Science of Pranayama (‘Helix Nebula’ – LP / 2020)

Sinistro – Petalas (‘Sangue Cassia’ – LP / 2018)

Nine Inch Nails – Copy of A (‘Hesitation Marks’ – LP / 2013)

Earth Drive – Spectra (”Helix Nebula’ – LP / 2020)

Gojira – Silvera (‘Magma’ – LP / 2016)

Vircator – Mandrake (‘Arcano’ – LP / 2019)

The Black Wizards – Kaleidoscope eyes (‘Reflections’ – LP / 2019)


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Etiquetas: , , , , Last modified: Fevereiro 27, 2021