Formados em 2014 por Luís Fidalgo e João Silva, os Mad Mojo Groove são uma banda albicastrense de rock’n’roll com ritmos rápidos, volumes altos e muito overdrive. Luís Nunes e João Toscano juntaram-se ao projecto no ano 2018 para complementar a secção rítmica e adicionar mais guitarras e sintetizadores à sonoridade.
O grupo musical de Castelo Branco estreou recentemente o seu EP homónimo e a Portugarte esteve à conversa com o vocalista e guitarrista dos Mad Mojo Groove, João Silva.
Com influências musicais que bebem inspirações artísticas do hardcore e punk, tais como Black Flag, de que forma é que estes movimentos musicais inspiraram a ética e valores musicais dos Mad Mojo Groove?
Como músicos todos somos um filtro do que ouvimos, e esta banda tem a sorte de ser constituída por 4 gajos que ouvem música bastante variada e distinta uns dos outros.
Isso reflete-se bastante quando tocamos e compomos juntos, entender a quantidade de influências e gêneros que conseguimos misturar numa banda rock n’ roll. Cada música pede sonoridades diferentes consoante a sua mensagem e é esse universo de possibilidades que torna isto interessante para nós, podemos soar ao que nos apetecer e brincar com isso.
Seja hardcore, soul, electro, punk, funk, hip-hop, até mesmo ambience! Tudo o que ouvimos nos proporciona bons momentos, aquelas malhas que marcam ocasiões e fases da vida que vamos passando juntos, e é essa a ética que inspira os mojo. Queremo-nos divertir a tocar rock n’ roll, proporcionar diversão a quem partilhar a experiência connosco, e se tivermos sorte, podemos marcar também uma ocasião na vida de alguém!
O EP de estreia dos Mad Mojo Groove foi lançado no passado dia 28 de janeiro. Como sentem que foi a recepção do público relativamente a este registo musical e à vossa entrada na indústria musical portuguesa?
Esta pergunta é engraçada dado todo o panorama que nos rodeia em 2021.
Esta pandemia impede-nos de tocar para um público que se possa abraçar, dançar, cantar conosco e curtir um concerto como há um ano atrás. Contudo, apesar de ser ainda muito cedo para ter uma ideia concreta, temos tido bom feedback e muitas mensagens de apoio por parte do pessoal! Esta EP esteve 3 ou 4 anos para nascer, teve mil imprevistos durante o seu processo, muita coisa aconteceu nas nossas vidas durante esse tempo e é muito gratificante receber este “props” de quem está a curtir o nosso som, numa fase em que estamos a descomprimir e relaxados por finalmente deixar nascer o bebé!
Em relação à “entrada na indústria musical portuguesa”, toda esta EP vem ao mundo de um modo bastante DIY, sem recorrer a estúdios ou editoras, numa altura em que não há propriamente uma “indústria” para entrar! Foi um trabalho realizado entre amigos, sem orçamento, com amor à camisola e intuito de aprender com cada passo dado!
No que toca à divulgação, visto não haver concertos dado o contexto em que nos encontramos, estamos a divulgar o nosso som nas plataformas digitais e teremos em breve edições físicas para quem quiser!
Em pleno século XXI, notamos a ascensão de certos géneros musicais, tais como o hip-hop, em detrimento de outros reis artísticos de outrora, tais como o rock’n’roll. A que se deve tal fenómeno, na vossa opinião?
Esse fenómeno é excelente! Hoje temos acesso a um oceano de música a partir de um telemóvel, cada vez há mais produtoras independentes a publicar música e performances, podemo-nos viciar em movimentos artísticos que estão a decorrer do outro lado do mundo como nunca antes tivemos oportunidade!
O acesso a material de produção está mais facilitado também, ter um “homestudio” já não é tão caro ou inacessível como há 10 anos atrás e dispomos uma internet recheada de tutoriais para aprender a trabalhar com tudo! Assim, é normal que ascendam cada vez mais projectos que não dependem de salas de captação, o que é muito bom, porque está a surgir muita música fantástica feita em condições totalmente diferentes do que era habitual até há uns anos atrás.
No entanto, esta circunstância não deve ser vista em detrimento do rock n’ roll, hoje em dia temos bandas de rock n’ roll a surgir que são autênticas bombas! É óbvio que já não há a mesma afluência da comunidade a este género, porque agora há muito mais coisas boas a acontecer e géneros musicais a traçarem o seu próprio caminho!
Mas o rock é mesmo assim, numa década está na berra, noutra está meio desaparecido, e depois volta novamente com mais jarda ainda! Isso não interessa a quem gosta de o tocar, não vamos parar de nos divertir durante todo esse tempo!
Tal como muitas outras indústrias, o mundo da arte em geral encontra-se em stand-by devido a esta pandemia. Assim sendo, o que podemos esperar dos Mad Mojo Groove este ano? E de que forma esperam contornar as limitações impostas devido à realidade vigente?
Esta pandemia veio limitar as possibilidades de concertos, e dado que esta banda se divide entre Coimbra, Lisboa e Castelo Branco, também a quantidade de ensaios reduziu, mas não a vontade de tocar e gravar mais! Se não houver possibilidade de dar concertos, faz-se música na mesma.
Antes da pandemia já tínhamos recolhido material suficiente para uma EP e um LP. É nesse longa-duração que temos estado a trabalhar e vamos dedicar tempo a partir de agora. É impossível antecipar uma data dado o estranho estado do mundo, mas com networking vai ser seguramente mais fácil fazer frente às dificuldades impostas pela pandemia.
Recentemente, o Tim dos Xutos afirmou que as rádios deveriam passar 75% de música portuguesa nas estações radiofónicas. Creem que a rádio ainda desempenha um crucial papel de difusão musical de artistas nacionais emergentes ou que, por outro lado, as plataformas musicais relevantes encontram agora o seu espaço na Internet? E como encaram assim os Mad Mojo Groove a situação de difusão e promoção do seu trabalho?
A rádio é uma ferramenta excelente para mostrar música ao mundo, mas cada vez menos ouvida pela comunidade na sua estrutura original (via frequências rádio), o que não surpreende dada a quantidade de publicidade e monopolização dos seus conteúdos.
Na verdade, há estações de rádio que se focam em passar maioritariamente música portuguesa, e num país onde se faz tanta música de tantos géneros e até onde se criam géneros inovadores, temos apenas meia-dúzia de artistas que passam 20 a 30 vezes por dia. Temos até empresas que utilizam estações de rádio para publicitar “packs” de artistas para posteriormente os venderem a organizações de eventos e festivais.
É triste ver tanto potencial da rádio desperdiçado. Uma mão cheia de nada.
Em contrapartida, graças à internet, cada vez mais temos novas estações de rádio online que dão oportunidade a projectos e plataformas para dar ao público o que procura, sem saturar ou limitar o universo musical do ouvinte. É claro que, por sua vez, entramos no universo dos algoritmos e visualizações, mas sempre livres de ir procurar mais e traçar um caminho autónomo na descoberta musical.
Quanto aos mojo, é necessária alguma divulgação para nos abrir portas a novos públicos/palcos e é bom ter a oportunidade de fazer parte de algumas playlists ou streams, mas é algo que só tem realmente sentido se for orgânico.
Oiçam a nossa EP se vos apetecer e estiverem no mood, ou então oiçam alguma outra coisa que vos agrade mais e vos dê mais prazer! Nós fazemos o nosso som pela diversão e experiência de compor, gravar e viajar juntos. É isto que nos dá gosto, somos amigos, tocamos há muitos anos e mantemos o foco nisso mesmo.
A nossa música está disponível para quem a quiser ouvir, estamos em plataformas que nos permitem ser ouvidos em qualquer lugar e ocasião. Vamos divulgando cada passo que damos e esperamos proporcionar bons momentos com a música que fazemos, tudo o que vier a mais que isso é bónus!
Ouve o EP de estreia dos Mad Mojo Groove
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