António Pinho é um ilustrador de 28 anos que une a espiritualidade à arte, como forma de expressão.
As voltas que eu daria ao mundo, só para me aproximar da relação entre a arte e a espiritualidade. Este talvez seja o vínculo artístico mais antigo da história, esculpindo criadores e origens de várias formas. As diversas linhas de manifestação, tanto da arte como da espiritualidade, foram modificando os seus padrões, mas a ligação entre as duas manteve-se estável e bastante simbiótica. Foi a criatividade que gerou a espiritualidade? Ou vice-versa?
Nós não pedimos a António Pinho que nos contasse a história do ovo e da galinha, que não tem fim nem começo, mas que nos mostrasse os seus desenhos. São linhas e pormenores que ainda não tinham passado pelo Portugarte, com um realismo que conta as suas histórias essencialmente através do carvão e da grafite.
Foi através de um scroll no instagram, que me esbarrei com a sua arte. O que mais me surpreendeu, além do toque e da linha muito especial, foi a observação a 360º das várias formas de fé e da própria Natureza. Não é por acaso que um dos seus grandes focos e influências está na obra de Roger Scruton, que se vê sucessivamente embrenhado no Natural.
Outras movimentações artísticas
António Pinho tem uma relação muito próxima com o digital, tendo em conta a sua profissão de designer. Está neste momento a trabalhar para uma agência em Santa Maria da Feira e já produziu algumas obras e coleções ligadas ao digital.
Além disso, o movimento realista não é o seu único trunfo.
“Ultimamente tenho estado muito próximo do realismo. Não sei se lhe posso chamar o meu estilo, apenas tem sido o estilo que mais tenho explorado. Penso que a maior parte dos meus desenhos podem ser considerados assim, embora tenha também algumas obras que penso poderem cair mais dentro do estilo surrealista O Quarto.”
Este comentário do António levou-me à curiosidade e à necessidade de saber um pouco mais sobre a obra em questão.
“É sobre a dinâmica homem-mulher, sobre a interdependência que existe entre ambos e como se completam. Estas ideias são representadas pelas figuras, que se ajudam, se alimentam, descobrem segredos no baú… É uma metáfora para a ideia de que, em conjunto, homem e mulher, ajudam-se mutuamente a descobrir os segredos do seu ser, das suas capacidades. (…) No fundo, tentei focar-me em representar igualdade e ligação/complemento. Nenhum género está acima. Ambos se completam e precisam um do outro”.
“Sobre Fé e Espírito”
Há pouco falava da importância da espiritualidade para o ser humano criar. Agoro reforço a ideia juntando as viagens e o conhecimento, que já de si é uma forma de encontrar um estado de espírito.
António Pinho decidiu juntar os ingredientes todos no caldeirão. Foi até Jerusalém, a Terra Santa, que serviu para se inspirar a criar uma caldeirada de desenhos impressionantes e bastante emocionais.
“Por norma, debruço-me sobre uma temática quando sinto que tenho algo a dizer sobre ela – uma ideia que gostaria de comunicar a outros ou uma ideia que gostaria de explorar para a compreender melhor. E aí surge a ligação com a arte.”
“Sobre Fé e Espírito” ´uma coleção do artista a preto e branco, em grafite, onde explora as várias formas de fé e de religião. Encara as diversas proporções transcendentes de uma forma bastante universal, sem espaço para o julgamento.
A relação da ingenuidade nas primeiras conversas com Deus, o processo de procura da luz, a partilha de raízes entre religiões, a mentira e o calculismo, o aceitar e o pedir, e a representação de correntes maçónicas, são tópicos a explorar nesta série, todos eles de uma natureza bastante interessante.
“É uma série de 10 obras a grafite, em papel, que aborda temáticas ligadas à religião e à espiritualidade. Acompanhando as obras escrevi também um conjunto de textos que se expandem nos tópicos das mesmas. Acho que qualquer pessoas interessada nestas ideias irá encontrar valor nesta série, e deveria explorá-la. Quem também nunca se debruçou sobre o assunto, pode encontrar aqui uma boa forma de se iniciar nele. No fundo, era este o meu objetivo – refletir sobre o papel da Fé na vida de uma pessoa (e muitas vezes, não apenas no campo religioso) e sobre a espiritualidade também.”
Podem encontrar a série Sobre Fé e Espírito, assim como o contexto em que cada ilustração se introduz, aqui.
Parte da sua obra também pode ser encontrada no Instagram
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António Pinho és um Artista com Fé ,Sabedori,TALENTO…Parabéns e muito SUCESSO!
Também tive a felicidade de pisar a terra que Jesus Cristo pisou.Amo os teus trabalhos repletos de luz,inspiração,misticos e muita espiritualidade.Sinto PAZ…Bem HAJA !Tua amiga Odete.
Obrigado pelo seu comentário, Maria Odete. 🙂