Nascidos em 2018, nas Caldas da Rainha, os EVACIGANA habitam num espaço onde o rock angular e espástico, a pop alternativa e as texturas electrónicas se fundem de forma natural e orgânica.
João Moreira (voz/guitarra), Filipe Nunes (baixo/voz/teclados), Rúben Lopes (guitarra/voz) e Alexandre Bandola (bateria/voz) encontram, na música que criam juntos, terreno para misturar de forma livre influências que vão desde o rock/metal alternativo de bandas como os Deftones, à electrónica de uns Boards of Canada, deambulando pelo meio de géneros como o shoegaze, o jazz e o trip-hop, sem nunca descuidar o mais importante, a canção.
Lançaram no passado dia 2 de Outubro o vosso segundo EP, intitulado “Fortuna”. Podem descortinar-nos o simbolismo poético-musical por detrás deste registo sonoro? Qual é a conceitualização que podemos desvendar nestas “porta do sossego” que se encontram em “Fortuna”?
Olá Portugarte e olá leitores! Obrigado por nos receberem. Por detrás do disco não existe, na realidade, uma conceptualização. Podem existir alguns pontos e temas, aqui e ali, que sejam partilhados entre as canções, na relação das letras entre si, mas nada que tenha sido planeado previamente, antes de termos começado a compor o EP.
Mais do que escrever algo muito específico e/ou com um certo tipo de significado, temos sempre primeiro a preocupação de encaixar as palavras nas melodias, para as tornar “orelhudas”, mesmo que para isso tenhamos de eliminar sentido ou narrativa às frases.
Tentamos manter o conteúdo ambíguo e aberto a interpretação e queremos apenas que soe bem e que seja visualmente sugestivo.
O nome do disco surgiu porque todos gostámos da palavra e assim ficou.
Gravaram o “Fortuna” nos Estúdios da Bela Flor, tendo sido este produzido por Nuno Monteiro (Memória de Peixe, Filho da Mãe, etc.) e Daniel Silva. Como foi o processo de gravação e de que forma é que trabalhar com reconhecidos produtores musicais ajudou/moldou (ou não) a materialização deste registo?
Trabalhar com o Nuno e o Daniel foi muito bom e o processo de gravação aconteceu de forma simples e descontraída. Já éramos amigos, antes de irmos para estúdio, porque o Nuno foi professor de três dos elementos da banda, e foi quem nos convidou a dar o nosso primeiro concerto no Festival Impulso, nas Caldas da Rainha. Foi depois desse concerto que a formação da banda ficou fechada e que nasceram os EVACIGANA, portanto ele tem culpa nisto.
Quanto ao Daniel, conhecemo-nos no estúdio, e ele é o maior e tem uma paciência de santo. Ajudou-nos imenso, deixou-nos repetir takes infinitamente e ambos nos encorajaram a experimentar e a tentar coisas novas. Falando das canções, eles ajudaram-nos bastante com imensas escolhas e detalhes estéticos e técnicos e com alguns toques aqui e ali nos arranjos, mas permitindo-nos sempre ter a decisão final.
Foi sempre um processo criativo muito aberto, com comunicação e confiança de ambas as partes, para conseguir o melhor resultado final possível. Tenho a certeza que quando voltarmos a estúdio, será com ambos aos comandos novamente.
Estabelecendo um paralelismo artístico-musical com a deambulação dos povos romenos nómadas, os EVACIGANA não se estabelecem apenas num só território musical. Aventuram-se por variados caminhos, atribuindo assim à banda uma maravilhosa e particular sonoridade. As suas influências percorrem trilhas desde o rock/metal alternativo de bandas como os Deftones, à eletrónica de uns Boards of Canada, deambulando ainda pelo meio de géneros como o shoegaze, o jazz e o trip-hop. A nível musical, poético e artístico: que futuras metamorfoses podemos esperar dos EVACIGANA?
Obrigado pelos elogios. É uma questão difícil de responder com assertividade, porque nem nós sabemos bem qual o tipo de metamorfoses pelas quais vamos passar.
Somos uma banda jovem, sabemos do que é que gostamos na nossa música, mas ainda estamos a tentar consolidar um som e uma estética que, futuramente, seja reconhecida como nossa.
Gostamos de fazer canções com refrões e ganchos fortes, que sejam excitantes do início ao fim, tanto para nós, como para quem nos ouve. A nossa base é o rock, mas como já referiste, deambulamos por vários estilos e influências diferentes, porque não gostamos de nos prender e porque, como banda e indivíduos, todos gostamos de um monte de artistas e géneros distintos. Já começamos a compor e gravar demos para um lançamento futuro, que vai continuar a explorar o som iniciado no “Fortuna”, mas que ainda está numa fase muito embrionária para que consigamos perceber já a sua direcção. Irá ter coisas em comum, porque continua a ser fruto do trabalho das mesmas quatro pessoas, mas será muito diferente do que temos vindo a fazer até agora, em todos os níveis. Portanto, acompanhem-nos, para descobrirem conosco para onde vamos a seguir.
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