No Sábado passado inaugurou em Bragança a exposição Amália no Mundo, acompanhada pelo lançamento do livro com o mesmo nome e de um concerto dedicado à diva, com Custódio Castelo.
Se ontem o Paulo mostrou uma nova abordagem ao fado, à boleia do novo lançamento de Simão Reis, eu venho com o hastear de uma bandeira que está tão definida como as cinco quinas de uma bagagem cultural.
Dizer que a Amália não é nossa, mas que pertence ao mundo, é de difícil digestão. Todos sentimos Amália Rodrigues como parte de uma educação de um país que olha para os seus ícones com os olhos molhados de brio. Porém, é precisamente essa visão internacional que nos enche de orgulho, porque quando o fado se admira além fronteiras, é como ouvir a voz de cada um de nós.
Foi assim, com o esplendor de uma mulher que mostrou Portugal, que foi inaugurada a exposição Amália no Mundo, uma iniciativa da editora Tradisom. Levou ao Teatro Municipal de Bragança mais de 200 capas de LP’s e EP’s, com edições nacionais e internacionais, países como França, Itália, Argentina, Chile, Uruguai, Canadá, Japão ou Coreia do Sul.
José Moças, fundador da Tradisom, está convencido de que não existe um ou uma artista em Portugal que tivesse bebido tanto do reconhecimento de outros continentes como a Amália. Aliás, segundo o responsável pela editora, foi no Brasil que a fadista portuguesa registou os seus primeiros 16 temas, com 8 discos de 78 rotações, em 1945.
“ A história começa com Ercília Costa, uma fadista com um enorme valor, que recusou uma tour pelo Brasil, já velha e cansada, recomendando a jovem com 25 anos, Amália Rodrigues. Amália, que até à data não tinha gravado nada, não a deixaram sair do Brasil enquanto não deixasse lá um registo”
José Moças acrescenta que o objectivo do manager de Amália, ao não explorar o mercado da edição em Portugal, seria comprimir o público nas casas de fado. Se não houvesse hipótese de ouvir a Diva através dos discos, o povo teria que a acompanhar ao vivo. Um conceito descabido para um talento tão grande como o de Amália Rodrigues, que viu editada a sua voz mais de 600 vezes.
O livro Amália no Mundo, apresentado no passado Sábado à sombra da exposição, assegura as imagens das capas de toda a discografia e ainda conta com dois CD’s com canções em várias línguas (português, espanhol, francês e inglês), datadas pela década de 1960, no apogeu da artista.
Concerto de Custódio Castelo, amigo de Amália Rodrigues
É exactamente como dizem: “a guitarra portuguesa canta a voz de um povo e tem o nome de um país”. Custódio Castelo traz nas cordas uma memória esboçada pelo lápis do fado de Amália. Privou de perto com a fadista, teve o privilégio de ser tratado como amigo e é um grande guitarrista português.
Mostrou-se em Bragança, no auditório do Teatro Municipal, com o projecto Custódio Castelo Trio, enriquecido pela voz de Ana Paula Martins e o contrabaixo de Carlos Menezes. Uma homenagem lindíssima e merecida à obra de Amália Rodrigues.
A digressão da exposição ainda agora levantou a âncora. No próximo Sábado, dia 19 de Setembro, pelas 21h, estará presente em Oliveira de Azeméis n’O Cinema, com concerto e apresentação do livro Amália no Mundo.