Os Spitgod são uma banda de sludge portuguesa, fundada em 2018. O grupo está a dar que falar e vai criando assim uma sólida base de fãs no underground português.
As suas influências bebem uma inspiração musical maquiavélica de Black Sabbath, Eyehategod, Iron Monkey, Nailbomb, Sepultura, Doom, entre outras bandas do género.
Dizem os espanhóis que “el mundo es un pañuelo,” devido ao facto de nos depararmos com coincidências inusitadas, muitas mais vezes do que esperado. A “Teoria dos seis graus de separação” de Milgram também explica-nos que são necessários apenas 6 laços de amizade para que 2 pessoas estejam contectadas. Por último, a Sincronicidade de Carl Jung também pede-nos que estejamos atentos aos sinais do dia-a-dia, porque estes possuem um importante significado e simbolismo, que se esconde por detrás de um aparente insignificante acto.
Completo assim o parágrafo anterior com as palavras de Cartola: “O mundo é um moinho”. Apesar de viver na há já alguns anos na Argentina, foi-me facilmente perceptível o momentum artístico que os Sptigod vivem actualmente. Entrei assim em contacto com a banda e… É com uma grande surpresa (ou talvez não, devido ao conhecimento popular referido anteriormente) que me responde um companheiro desconhecido.
Utilizo assim a antítese de “companheiro desconhecido” porque o guitarrista Vasco Martins vive num espaço comunitário que me é deveras especial: a República dos Kágados, em Coimbra. Ali vivi maravilhosos momentos de comunidade e artistic companionship. Os Kágados sempre foram um antro cultural artístico e político e a prova disso são alguns dos seus antigos residentes: José Mário Branco, Zeca Afonso e até Vinicius de Moraes.
E de forma a criar um foco narrativo contínuo que, hoje transportamos para a contemporaneidade, existe assim um fio conector musical que nos leva até à música dos Spitgod. E assim sendo, fiquei a conhecer mais um companheiro kagadal que experiencia hoje o que vivi no passado: a vida comunitária na nossa querida “karapaça“.
Relativamente à sua experiência de tocar na República, o guitarrista exlica-nos assim a sua singuralidade:
“É sempre incrível tocar em kasa e o meu resto da banda também gosta sempre do calor da malta em Coimbra, mas em concreto da malta das repúblicas e amigos“
Em tempos de pandemia, os músicos portuguese vêem-se obrigados a adaptar aos tempos vigentes. E os Spitgod impulsionaram recentemente o underground nacional através de uma performance realizada num streaming no Youtube, onde actuaram no Barracuda Clube de Roque. O guitarrista Vasco Martins descreveu-nos a experiência:
Por um lado foi bom, no sentido em que fomos tocar, mostrar que estamos vivos, a trabalhar independente da pandemia e a promover sítios como o Barracuda, por outro lado foi estranho por não termos público e mosh e suor e sangue e cerveja, as cenas do costume do rock n roll. Mas foi fixe e som estava brutal.
O grupo por enquanto só possui a gravação do live no Barracuda. Mas, em breve, os Spitgod entrarão em estúdio para gravar um EP.
Para além disso, Vasco Martins contou-nos um pouco sobre a história da fundação e biografia do grupo:
Spitgod começou em 2018 comigo com a Beatriz e o Telmo, duas guitarras bateria e voz. Desde início sabíamos que queríamos tocar peso. Pegámos nas minhas influências pesadas e rápidas que se fundiram com as deles mais lentas, que no fundo é o sludge. Desde que nos juntámos reparámos que a cena funcionava de forma orgânica e tem tido bastante adesão, o que é brutal para uma banda nova e sem nada gravado para mostrar. Temos dado um bom número de concertos desde 2018 e cada vez mais a banda evoluiu. Mantivemo-nos com duas guitarras, bateria e voz até à recente entrada do Cafi para o baixo, que deu o seu primeiro concerto connosco no último live no Barracuda e que vem preencher e bem o nosso som.
Em termos líricos, as temáticas do grupo abordam o abuso policial, racismo, problemas sociais e drogas.
Concerto Online no “Barracuda Clube de Roque”
Para ver o concerto dos Spitgod na íntegra, é só clicar aqui.