A editora Miasma Of Barbarity disponibilizou online, no passado dia 21 de junho o homónimo, EP de estreia dos açorianos Kazän.
É rápido, escuro e sujo. Com influências musicais que passam desde o d-beat até ao agressivo crust, o grupo destaca-se, dos demais grupos do género, pelo uso do efeito delay na voz de Fábio que nos transporta para um certo psicadelismo niilista sonoro. É dissonante e incomoda-nos. Incomoda-nos porque nos leva a lugares do nosso ser onde nos sentimos desconfortáveis. Onde as coisas não estão bem. Por outras palavras, os guturais desconcertantes dos Kazän relembram-nos de tudo o que está desalinhado com a nossa consciência e desestruturado com o mundo. E não é essa a função do punk? Os Kazän sabem-no muito bem. E cospem assim as palavras de (des)ordem, apelando a uma revolução com elementos de cariz interno e externo.
O registo sonoro tem aproximadamente 20 minutos de duração e demonstra-nos uma sonoridade musical deveras coesa, por culpa dos já veteranos punks na cena portuguesa e do seu historial por outros agrupamentos musicais do género:
- Fábio Couto (Fora de Mão, Prótese Involuntária, Abutre, Resposta Simples)
- Pedro Santos (Mufasa, ROÄDSCÜM)
- Flávio Santos (Mufasa)
- João Paulo (Anomally, Abutre)
A revista musical portuguesa Loud!, especializada em metal nacional e internacional, caracteriza o seu trabalho como uma “pérola distópica“. E nós não poderiamos estar mais de acordo. O que os Kazän materializam não é a República da Utopia de Thomas Moore mas sim um sentimento “zaratustriano”, onde será possível ultrapassar a condição de simplesmente “ser”.
Assim sendo, não é à toa que 火山 – (Kazän) significa “vulcão” em japonês. É implícito no registo sonoro que o grupo demanda o regresso do ano 79 a.C., evocando assim a memória do monte Vesúvio onde a Pompeia metaforiza a sociedade que nos circunda.
O lançamento físico do EP conta uma edição limitada de 100 exemplares e pode ser adquirida aqui. Relativamente à versão digital, é possível escutá-la na íntegra abaixo:
Relembramos que mensagem pós-apocalípticas são sempre bem-vindas ao desestruturalismo dos Kazän. Podes escrever-lhes a partir do seguintes links:
E assim falaram os Kazän.
EDIT: O artigo foi actualizado às 17h24, no dia 24 de junho. O baterista Alexandre Fonseca (Un-X-Pected, Midnight Priest) não pertence aos Kazän, tendo tocado com a banda apenas uma vez ao vivo. O baterista do grupo é o músico terceirense Flávio Santos.
Muito obrigado pela review Paulo, não estava nada á espera!
Só um pequeno pormenor: o baterista é o Flávio Santos, não o Alexandre Fonseca, que tocou ao vivo apenas num concerto 🙂
Grande abraço!
Olá Pedro! Long time no see! Brutal que tenhas curtido o artigo! Já o actualizei e coloquei o nosso amigo Flávio no lugar certo! 🙂 Obrigado pela observação! Um abraço argentino e até breve!
Só merda!
Só espero que a ilha arda!
Abraço .l.
Se depender dos Kazän, com certeza vai pegar fogo!
E nada mais restará! Apenas o kaos e a destruição!
Um abraço!
Paulo