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Niilistas erupções musicais dos punks insulares Kazän (Açores, Portugal)

É rápido, escuro e sujo. Com influências musicais que passam desde o d-beat até ao agressivo crust, o grupo destaca-se, dos demais grupos do género, pelo uso do efeito delay na voz de Fábio que nos transporte para um certo psicadelismo niilista sonoro.

Niilistas erupções musicais dos punks vulcânicos Kazän (Açores, Portugal)

A editora Miasma Of Barbarity disponibilizou online, no passado dia 21 de junho o homónimo, EP de estreia dos açorianos Kazän.

É rápido, escuro e sujo. Com influências musicais que passam desde o d-beat até ao agressivo crust, o grupo destaca-se, dos demais grupos do género, pelo uso do efeito delay na voz de Fábio que nos transporta para um certo psicadelismo niilista sonoro. É dissonante e incomoda-nos. Incomoda-nos porque nos leva a lugares do nosso ser onde nos sentimos desconfortáveis. Onde as coisas não estão bem. Por outras palavras, os guturais desconcertantes dos Kazän relembram-nos de tudo o que está desalinhado com a nossa consciência e desestruturado com o mundo. E não é essa a função do punk? Os Kazän sabem-no muito bem. E cospem assim as palavras de (des)ordem, apelando a uma revolução com elementos de cariz interno e externo.

O registo sonoro tem aproximadamente 20 minutos de duração e demonstra-nos uma sonoridade musical deveras coesa, por culpa dos já veteranos punks na cena portuguesa e do seu historial por outros agrupamentos musicais do género:

A revista musical portuguesa Loud!, especializada em metal nacional e internacional, caracteriza o seu trabalho como uma “pérola distópica“. E nós não poderiamos estar mais de acordo. O que os Kazän materializam não é a República da Utopia de Thomas Moore mas sim um sentimento “zaratustriano”, onde será possível ultrapassar a condição de simplesmente “ser”.

Assim sendo, não é à toa que 火山 – (Kazän) significa “vulcão” em japonês. É implícito no registo sonoro que o grupo demanda o regresso do ano 79 a.C., evocando assim a memória do monte Vesúvio onde a Pompeia metaforiza a sociedade que nos circunda.

O lançamento físico do EP conta uma edição limitada de 100 exemplares e pode ser adquirida aqui. Relativamente à versão digital, é possível escutá-la na íntegra abaixo:

Relembramos que mensagem pós-apocalípticas são sempre bem-vindas ao desestruturalismo dos Kazän. Podes escrever-lhes a partir do seguintes links:

E assim falaram os Kazän.

EDIT: O artigo foi actualizado às 17h24, no dia 24 de junho. O baterista Alexandre Fonseca (Un-X-Pected, Midnight Priest) não pertence aos Kazän, tendo tocado com a banda apenas uma vez ao vivo. O baterista do grupo é o músico terceirense Flávio Santos.

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